8 Levando a intuição do SCM ao POM
Ainda que seja uma formalização conveniente, o POM é consideravelmente mais complexo que o SCM original. Para ganhar intuição sobre o POM, alguns lemas de tradução são fundamentais.
Lema 4.9.
Se e , então . Em particular,
O Lema 4.9 conecta o dado observacional em ao resultado potencial . Mais especificamente, quando observamos que , então os resultados potenciais dada a intervenção são idênticos aos resultados observados. Em outras palavras, ao observamos que , aprendemos que estamos justamente na hipótese de resultados potenciais em que .
Lema 4.10.
Se e , então para todo ,
O Lema 4.10 é extremamente útil, ainda que de natureza mais técnica. Ele permite que relacionemos resultados potenciais em que diferentes tipos de intervenção são adotados.
Um outro resultado essencial é o de que tem a distribuição de quando realizamos a intervenção . Esta resultado é estabelecido no Lema 4.11.
Lema 4.11.
No modelo de resultados potenciais (Definição 4.7):
O Lema 4.11 fornece uma outra forma de pensar sobre o efeito causal. Decorre do Lema 4.11 que . Assim, se por exemplo é binário, . Em outras palavras, como o Definição 4.7 cria variáveis aleatórias que tem a distribuição intervencional, ele permite que imaginemos o efeito causal em termos destas variáveis. Como na capítulo 3 não havia acesso aos resultados potenciais, era necessário imaginar o efeito causal somente em termos da distribuição intervencional. Assim, a Definição 4.7 oferece mais formas de pensar sobre o efeito causal.55 5 Esta outra forma de pensar sobre o efeito causal é tão relevante que outras construções de Inferência Causal, como o Rubin Causal Model (Holland1986) partem diretamente dela.
Uma forma alternativa de pensar sobre identificação causal está na definição de ignorabilidade. Dizemos que é ignorável para medir o efeito causal em se ele é independente dos resultados potenciais . Em outras palavras, saber o valor de não traz informação sobre o resultado de em uma outra realidade em que realizamos uma intervenção sobre .
Definição 4.12 (Ignorabilidade).
Dizemos que é ignorável para medir o efeito causal em se .
O critério da ignorabilidade é equivalente a afirmar que e não tem um ancestral comum. Em outras palavras, é ignorável se e somente se satisfaz o critério backdoor para medir o efeito causal de em .
Lema 4.13.
As seguintes afirmações são equivalentes:
-
1.
satisfaz o critério backdoor para medir o efeito causal de em ,
-
2.
, isto é, e não tem um ancestral em comum, e
-
3.
é ignorável para medir o efeito causal em .
Assim, decorre do fato de que é ignorável para o efeito causal em que a distribuição intervencional de dado é equivalente à sua distribuição observacional. Em outras palavras, dizer que é ignorável tem consequências similares a dizer que é atribuído por aleatorização.
Corolário 4.14.
Se é ignorável para medir o efeito causal em , então
A ignorabilidade condicional oferece uma generalização da Definição 4.12. Dizemos que, dado , é ignorável para medir o efeito causal em se é independente de todo dado .
Definição 4.15 (Ignorabilidade condicional).
Dizemos que é condicionalmente ignorável para medir o efeito causal em dado se .
Se não tem descendentes de , a ignorabilidade condicional é uma restrição mais forte que o critério backdoor, conforme formalizado no Lema 4.16.
Lema 4.16.
Suponha que . Se é condicionalmente ignorável para medir o efeito causal em dado , então satisfaz o critério backdoor para medir o efeito causal de em .
Apesar do critério backdoor e das ignorabilidade condicional não serem equivalentes, eles induzem o mesmo tipo de identificação causal.
Lema 4.17.
Se é condicionalmente ignorável para medir o efeito causal em dado , então controla confundidores para medir o efeito causal de em (Definição 3.18).
Decorre do Lema 4.17 que todas as estratégia de estimação do efeito causal estudadas na Seção 5 também podem ser usadas sob a suposição de ignorabilidade condicional. Em outras palavras, ignorabilidade condicional fornece um critério alternativo para justificar o tipo de identificação causal obtida pelo critério backdoor.
8.1 Exercícios
Exercício 4.18.
Prove o Lema 4.1.
Exercício 4.19.
Mostre que no Exemplo 4.4 a distribuição de no SCM em equações estruturais é igual àquela no SCM original.
Exercício 4.20.
Exiba um exemplo em que é condicionalmente ignorável para dado mas não satisfaz o critério backdoor para medir o efeito causal de em .
Exercício 4.21.
Exiba um exemplo em que satisfaz o critério backdoor para medir o efeito causal de em mas não é condicionalmente ignorável para dado .