1.2 O plano cartesiano
O plano cartesiano, em geral denotado por , é o conjunto dos pares de reais, e , chamados respectivamente de abscissa (ou primeira coordenada) e ordenada (ou segunda coordenada).
O conjunto dos pontos cuja primeira coordenada é nula, isto é, o conjunto dos pontos da forma , é chamado de eixo , ou eixo das ordenadas. O conjunto dos pontos cuja segunda coordenada é nula, isto é, o conjunto dos pontos da forma , é chamado de eixo , ou eixo das abscissas. Os eixos e formam duas retas perpendiculares, e dividem o plano em quatro quadrantes:
Mais explicitamente, em termos das coordenadas,
-
•
,
-
•
,
-
•
,
-
•
.
Se e , a distância Cartesiana entre e é calculada usando o Teorema de Pitágoras:
Exercício 1.11.
Descreva os seguintes subconjuntos do plano em termos das suas coordenadas cartesianas.
-
1.
Semi-plano acima do eixo ,
-
2.
semi-plano a esquerda do eixo ,
-
3.
quadrado de lado centrado na origem (com os lados paralelos aos eixos),
-
4.
reta vertical passando pelo ponto ,
-
5.
reta horizontal passando pelo ponto ,
-
6.
reta horizontal passando pelo ponto ,
-
7.
faixa vertical contida entre o eixo e a reta do item (4),
-
8.
círculo de raio centrado na origem.
-
9.
disco (cheio) de raio centrado em .
1.2.1 Retas
Já vimos, no Exercício 1.11, como expressar retas horizontais e verticais. Uma reta vertical é o conjunto formado pelos pontos cuja primeira coordenada é igual a um número fixo , a sua equação se escreve: .
Por outro lado, uma reta horizontal é o conjunto formado pelos pontos cuja segunda coordenada é igual a um número fixo , a sua equação se escreve: .
As retas horizontais e verticais são descritas por somente um parâmetro (o “” para uma reta vertical, ou o “” para uma reta horizontal). Para as outras retas do plano, que não ficam necessariamente paralelas a um dos eixos, é preciso usar dois parâmetros, e , chamados respectivamente inclinação (ou coeficiente angular) e ordenada na origem, para especificar a dependência entre e :
O significado da inclinação deve ser entendido da seguinte maneira: partindo de um ponto qualquer da reta, ao andar horizontalmente uma distância para a direita, o deslocamento vertical da reta é de . Por exemplo, para uma reta de inclinação (observe que todo os triângulos da seguinte figura são semelhantes),
Se a inclinação é negativa, então o deslocamento vertical é para baixo.
Se e são dois pontos de uma reta não vertical de inclinação , então
Essa relação pode ser usada também para calcular a inclinação de uma reta.
Exemplo 1.4.
Procuremos a equação da reta que passa pelos pontos e :
Como não é vertical, a sua equação é da forma . A inclinação pode ser calculada usando (1.14): . (Pode também observar que para andar de até , é necessário andar passos para a direita, e passos para baixo, logo .) Portanto, a equação é da forma . Falta achar , que pode ser calculado usando o fato de passar pelo ponto : (daria na mesma usando o ponto ). Assim, , e é descrita pela equação:
Ao multiplicarmos ambos lados por e rearranjando podemos a equação da reta da seguinte maneira:
Essa é a forma genérica da reta. Em geral, qualquer reta pode ser descrita na forma générica,
em que são constantes. Se e , a reta é horizontal. Se e , a reta é vertical. Se e , a reta é oblíqua.
Exercício 1.12.
Exercício 1.13.
Determine a equação da reta que passa pelos pontos dados.
-
1.
,
-
2.
,
-
3.
,
-
4.
,
-
5.
,
Exercício 1.14.
Faça um esboço, no plano cartesiano, da reta descrita pela equação dada.
-
1.
-
2.
-
3.
-
4.
Observe que retas paralelas têm a mesma inclinação.
Exercício 1.15.
Dê a equação da reta , paralela a , que passa pelo ponto .
-
1.
, .
-
2.
, .
Exercício 1.16.
Mostre que se tem inclinação , e tem inclinação , então e são perpendiculares.
Exercício 1.17.
Determine quais das seguintes retas são paralelas ou perpendiculares.
Em seguida, esboce as retas e verifique.
1.2.2 Círculos
Considere o círculo 22 2 Às vezes, o que chamamos aqui de círculo corresponde a circunferência em outros textos de matemática elementar. de centro e de raio :
Por definição (ver o Exercício 1.11), é definido pelo conjunto dos pontos cuja distância euclidiana a é igual a : . Isso significa que as coordenadas de são ligadas pela seguinte expressão: . Equivalentemente, é descrito pela seguinte equação:
Observe que, expandindo os fatores e , essa última expressão pode ser escrita na forma genérica:
Em geral, um círculo de raio centrado em é descrito pela equação
Um problema clássico é de achar o centro e o raio a partir da forma genérica.
Exemplo 1.5.
Considere o círculo descrito pela sua equação genérica
Para achar o seu centro e o seu raio, completemos os quadrados: , . Logo, (1.16) pode ser escrita como , isto é:
Portanto, é centrado em , de raio .
Exemplo 1.6.
Considere . Completando o quadrado e rearranjando, obtemos . Como “” não pode ser escrito como um quadrado, esta equação não representa um círculo (e na verdade, não existe nenhum par que seja solução).
Exercício 1.18.
Determine quais das equações a seguir definem um círculo. Quando for o caso, calcule o centro e o raio.
-
1.
-
2.
-
3.
-
4.
-
5.
-
6.