Exercícios para o Capítulo 2

Funções Mensuráveis

Exercício 2.1.

Sejam (X,𝒜)(X,\mathcal{A}), (X,𝒜)(X^{\prime},\mathcal{A}^{\prime}) espaços mensuráveis arbitrários. Mostre que toda função constante f:XXf:X\to X^{\prime} é mensurável.

Exercício 2.2.

Sejam XX um conjunto, 𝒜\mathcal{A} uma σ\sigma-álgebra de partes de XX e YXY\subset X um subconjunto. Mostre que 𝒜|Y\mathcal{A}|_{Y} é uma σ\sigma-álgebra de partes de YY.

Exercício 2.3.

Sejam XX um conjunto e YXY\subset X um subconjunto. Se 𝒞\mathcal{C} é um conjunto de geradores para uma σ\sigma-álgebra 𝒜\mathcal{A} de partes de XX, mostre que o conjunto:

𝒞|Y={EY:E𝒞}\mathcal{C}|_{Y}=\big{\{}E\cap Y:E\in\mathcal{C}\big{\}}

é um conjunto de geradores para a σ\sigma-álgebra 𝒜|Y\mathcal{A}|_{Y} de partes de YY; em símbolos:

σ[𝒞]|Y=σ[𝒞|Y].\sigma[\mathcal{C}]|_{Y}=\sigma[\mathcal{C}|_{Y}].
Exercício 2.4.

Mostre que (¯)|=()\mathcal{B}(\overline{\mathds{R}})|_{\mathds{R}}=\mathcal{B}(\mathds{R}).

Exercício 2.5.

Mostre que os intervalos [,c][-\infty,c], cc\in\mathds{R}, constituem um conjunto de geradores para a σ\sigma-álgebra de Borel de ¯\overline{\mathds{R}}.

Exercício 2.6.

Seja (X,𝒜)(X,\mathcal{A}) um espaço mensurável e sejam f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}}, g:X¯g:X\to\overline{\mathds{R}} funções mensuráveis. Mostre que o conjunto:

{xX:f(x)=g(x)}\big{\{}x\in X:f(x)=g(x)\big{\}}

é mensurável.

Exercício 2.7.

Mostre que a função f:2f:\mathds{R}^{2}\to\mathds{R} definida por:

f(x,y)={cosxy,se y1,n=1ynn2,se 1<y<1,χ(x+y),se y1,f(x,y)=\begin{cases}\hfil\cos\frac{x}{y},&\text{se $y\geq 1$},\\[3.0pt] \sum_{n=1}^{\infty}\frac{y^{n}}{n^{2}},&\text{se $-1<y<1$},\\ \chi_{\lower 2.0pt\hbox{$\scriptstyle\mathbb{Q}$}}(x+y),&\text{se $y\leq-1$},% \end{cases}

é Borel mensurável.

Exercício 2.8.

Sejam XnX\subset\mathds{R}^{n} um subconjunto mensurável e (X,𝒜)(X^{\prime},\mathcal{A}^{\prime}) um espaço mensurável. Dada uma função f:XXf:X\to X^{\prime}, mostre que:

  • (a)

    se existe X1XX_{1}\subset X tal que XX1X\setminus X_{1} tem medida nula e tal que f|X1f|_{X_{1}} é mensurável então ff é mensurável;

  • (b)

    se ff é mensurável e se g:XXg:X\to X^{\prime} é igual a ff quase sempre então gg também é mensurável;

  • (c)

    se (fk)k1(f_{k})_{k\geq 1} é uma seqüência de funções mensuráveis fk:X¯f_{k}:X\to\overline{\mathds{R}} e se fkgf_{k}\to g q. s. então g:X¯g:X\to\overline{\mathds{R}} também é mensurável.

Exercício 2.9.

Denote por π:m+nm\pi:\mathds{R}^{m+n}\to\mathds{R}^{m} a projeção nas mm primeiras coordenadas. Mostre que a função:

π:(m+n,(m+n))(m,(m)),\pi:\big{(}\mathds{R}^{m+n},\mathcal{M}(\mathds{R}^{m+n})\big{)}% \longrightarrow\big{(}\mathds{R}^{m},\mathcal{M}(\mathds{R}^{m})\big{)},

é mensurável (note que não estamos seguindo a convenção 2.1.3).

Exercício 2.10.

Seja f:Xnf:X\to\mathds{R}^{n} uma função definida num subconjunto XX de m\mathds{R}^{m}. Recorde que o gráfico de ff é o conjunto:

gr(f)={(x,f(x)):xX}m+n.\mathrm{gr}(f)=\big{\{}\big{(}x,f(x)\big{)}:x\in X\big{\}}\subset\mathds{R}^{m% +n}. (2.8.10)

Mostre que:

  • se XX é Boreleano e ff é Borel mensurável então gr(f)\mathrm{gr}(f) é Boreleano;

  • se XX é mensurável e ff é mensurável então gr(f)\mathrm{gr}(f) é mensurável.

Definição da Integral

Exercício 2.11.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}} uma função mensurável. Mostre que:

  • (a)

    ff é integrável se e somente se |f||f| é integrável;

  • (b)

    se ff é quase integrável então:

    |Xfdμ|X|f|dμ.\Big{|}\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu\Big{|}\leq\int_{X}|f|\,\mathrm{d}\mu.
Exercício 2.12.

Seja (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e seja (fk)k1(f_{k})_{k\geq 1} uma seqüência de funções mensuráveis fk:X[0,+]f_{k}:X\to[0,+\infty]. Se f(x)=k=1fk(x)f(x)=\sum_{k=1}^{\infty}f_{k}(x), mostre que:

Xfdμ=k=1Xfkdμ.\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=\sum_{k=1}^{\infty}\int_{X}f_{k}\,\mathrm{d}\mu.
Exercício 2.13.

Seja (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida. Dada uma função mensurável f:X[0,+]f:X\to[0,+\infty], mostre que a aplicação νf:𝒜[0,+]\nu_{f}:\mathcal{A}\to[0,+\infty] definida por:

νf(E)=Efdμ,E𝒜,\nu_{f}(E)=\int_{E}f\,\mathrm{d}\mu,\quad E\in\mathcal{A},

é uma medida (a medida νf\nu_{f} é chamada a integral indefinida de ff e é denotada por νf=fdμ\nu_{f}=\int f\,\mathrm{d}\mu).

Exercício 2.14.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}} uma função quase integrável. Mostre que:

  • (a)

    se (Ak)k1(A_{k})_{k\geq 1} é uma seqüência de conjuntos mensuráveis dois a dois disjuntos e se A=k=1AkA=\bigcup_{k=1}^{\infty}A_{k} então:

    Afdμ=k=1Akfdμ=deflimrk=1rAkfdμ;\int_{A}f\,\mathrm{d}\mu=\sum_{k=1}^{\infty}\int_{A_{k}}f\,\mathrm{d}\mu% \stackrel{{\scriptstyle\text{def}}}{{=}}\lim_{r\to\infty}\sum_{k=1}^{r}\int_{A% _{k}}f\,\mathrm{d}\mu;
  • (b)

    se (Ak)k1(A_{k})_{k\geq 1} é uma seqüência de conjuntos mensuráveis e AkAA_{k}\nearrow A então:

    Afdμ=limkAkfdμ;\int_{A}f\,\mathrm{d}\mu=\lim_{k\to\infty}\int_{A_{k}}f\,\mathrm{d}\mu; (2.8.11)
  • (c)

    se (Ak)k1(A_{k})_{k\geq 1} é uma seqüência de conjuntos mensuráveis, AkAA_{k}\searrow A e se f|A1f|_{A_{1}} é integrável então vale a igualdade (2.8.11).

Definição 2.1.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) e (X,𝒜,μ)(X^{\prime},\mathcal{A}^{\prime},\mu^{\prime}) espaços de medida. Dizemos que uma função ϕ:XX\phi:X\to X^{\prime} preserva medida se ϕ\phi é mensurável e se μ(ϕ1(A))=μ(A)\mu\big{(}\phi^{-1}(A)\big{)}=\mu^{\prime}(A), para todo A𝒜A\in\mathcal{A}^{\prime}.

Exercício 2.15.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida, (X,𝒜)(X^{\prime},\mathcal{A}^{\prime}) um espaço mensurável e ϕ:XX\phi:X\to X^{\prime} uma aplicação mensurável. Mostre que:

  • (a)

    a aplicação (ϕμ):𝒜[0,+](\phi_{*}\mu):\mathcal{A}^{\prime}\to[0,+\infty] definida por:

    (ϕμ)(A)=μ(ϕ1(A)),(\phi_{*}\mu)(A)=\mu\big{(}\phi^{-1}(A)\big{)},

    para todo A𝒜A\in\mathcal{A}^{\prime}, é uma medida em 𝒜\mathcal{A}^{\prime};

  • (b)

    se μ\mu^{\prime} é uma medida em 𝒜\mathcal{A}^{\prime} então ϕ:(X,𝒜,μ)(X,𝒜,μ)\phi:(X,\mathcal{A},\mu)\to(X^{\prime},\mathcal{A}^{\prime},\mu^{\prime}) preserva medida se e somente se ϕμ=μ\phi_{*}\mu=\mu^{\prime}.

Dizemos que ϕμ\phi_{*}\mu é a imagem da medida μ\mu pela aplicação mensurável ϕ\phi.

Exercício 2.16.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) e (X,𝒜,μ)(X^{\prime},\mathcal{A}^{\prime},\mu^{\prime}) espaços de medida e seja ϕ:XX\phi:X\to X^{\prime} uma função que preserva medida. Dada uma função mensurável f:X¯f:X^{\prime}\to\overline{\mathds{R}}, mostre que ff é quase integrável se e somente se fϕf\circ\phi é quase integrável e, nesse caso:

Xfdμ=Xfϕdμ.\int_{X^{\prime}}f\,\mathrm{d}\mu^{\prime}=\int_{X}f\circ\phi\,\mathrm{d}\mu.
Exercício 2.17.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida, 𝒜\mathcal{A}^{\prime} uma σ\sigma-álgebra de partes de XX contida em 𝒜\mathcal{A} e μ\mu^{\prime} a restrição de μ\mu a 𝒜\mathcal{A}^{\prime}. Dada uma função mensurável f:(X,𝒜)¯f:(X,\mathcal{A}^{\prime})\to\overline{\mathds{R}}, mostre que ff é quase integrável com respeito a μ\mu se e somente se ff é quase integrável com respeito a μ\mu^{\prime} e, nesse caso Xfdμ=Xfdμ\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu^{\prime}.

Definição 2.2.

Seja XX um conjunto. A aplicação μ:(X)[0,+]\mu:\wp(X)\to[0,+\infty] definida por:

μ(E)=número de elementos do conjunto E,EX,\mu(E)=\text{número de elementos do conjunto $E$},\quad E\subset X,

é chamada a medida de contagem.

Exercício 2.18.

Seja XX o conjunto dos números inteiros positivos e seja μ:(X)[0,+]\mu:\wp(X)\to[0,+\infty] a medida de contagem. Mostre que:

  • dada uma função f:X[0,+]f:X\to[0,+\infty] então:

    Xfdμ=n=1f(n);\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=\sum_{n=1}^{\infty}f(n); (2.8.12)
  • uma função f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}} é integrável se e somente se a série n=1f(n)\sum_{n=1}^{\infty}f(n) é absolutamente convergente e nesse caso vale a identidade (2.8.12).

Exercício 2.19.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}} uma função quase integrável. Mostre que:

  • se Xfdμ<+\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu<+\infty então f(x)<+f(x)<+\infty para quase todo xXx\in X;

  • se Xfdμ>\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu>-\infty então f(x)>f(x)>-\infty para quase todo xXx\in X;

  • se ff é integrável então f(x)f(x)\in\mathds{R} para quase todo xXx\in X.

Exercício 2.20.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}}, g:X¯g:X\to\overline{\mathds{R}} funções mensuráveis, com gg quase integrável. Mostre que:

  • se Xgdμ>\int_{X}g\,\mathrm{d}\mu>-\infty e fgf\geq g q. s. então ff é quase integrável e Xfdμ>\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu>-\infty;

  • se Xgdμ<+\int_{X}g\,\mathrm{d}\mu<+\infty e fgf\leq g q. s. então ff é quase integrável e Xfdμ<+\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu<+\infty;

  • se gg é integrável e |f|g|f|\leq g q. s. então ff é integrável.

Exercício 2.21.

Seja (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida. Dada uma função mensurável f:X[0,+]f:X\to[0,+\infty], mostre que Xfdμ=0\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=0 se e somente se f=0f=0 quase sempre.

Exercício 2.22.

Seja (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida. Dadas funções integráveis f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}}, g:X¯g:X\to\overline{\mathds{R}} tais que fgf\leq g e:

Xfdμ=Xgdμ,\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=\int_{X}g\,\mathrm{d}\mu,

mostre que f=gf=g quase sempre.

Exercício 2.23.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}} uma função integrável. Mostre que para todo ε>0\varepsilon>0 existe um δ>0\delta>0 tal que para todo conjunto mensurável A𝒜A\in\mathcal{A} com μ(A)<δ\mu(A)<\delta temos:

|Afdμ|<ε.\Big{|}\int_{A}f\,\mathrm{d}\mu\Big{|}<\varepsilon.
Exercício 2.24.

Seja f:I¯f:I\to\overline{\mathds{R}} uma função integrável definida num intervalo II\subset\mathds{R}. Fixado t0It_{0}\in I, considere a função F:IF:I\to\mathds{R} definida por:

F(t)=t0tfd𝔪,F(t)=\int_{t_{0}}^{t}f\,\mathrm{d}\mathfrak{m},

para todo tIt\in I. Mostre que:

  • (a)

    FF é contínua;

  • (b)

    dado ε>0\varepsilon>0, existe δ>0\delta>0 tal que dados n1n\geq 1 e intervalos abertos dois a dois disjuntos ]xi,yi[I\left]x_{i},y_{i}\right[\subset I, i=1,,ni=1,\ldots,n, então:

    i=1nyixi<δi=1n|F(yi)F(xi)|<ε;\sum_{i=1}^{n}y_{i}-x_{i}<\delta\Longrightarrow\sum_{i=1}^{n}|F(y_{i})-F(x_{i}% )|<\varepsilon;
  • (c)

    se ff é limitada então FF é Lipschitziana com constante de Lipschitz igual a suptI|f(t)|\sup_{t\in I}|f(t)|;

  • (d)

    (teorema fundamental do cálculo) se ff é contínua num ponto tIt\in I então FF é derivável no ponto tt e F(t)=f(t)F^{\prime}(t)=f(t);

  • (e)

    se ff é contínua e G:IG:I\to\mathds{R} é uma primitiva qualquer de ff (i.e., G=fG^{\prime}=f) então:

    abfd𝔪=G(b)G(a),\int_{a}^{b}f\,\mathrm{d}\mathfrak{m}=G(b)-G(a),

    para todos a,bIa,b\in I.

Exercício 2.25.

(integração por partes) Se f:[a,b]f:[a,b]\to\mathds{R}, g:[a,b]g:[a,b]\to\mathds{R} são funções de classe C1C^{1}, mostre que:

abf(x)g(x)d𝔪(x)=f(b)g(b)f(a)g(a)abf(x)g(x)d𝔪(x).\int_{a}^{b}f(x)g^{\prime}(x)\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(x)=f(b)g(b)-f(a)g(a)-% \int_{a}^{b}f^{\prime}(x)g(x)\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(x).

Teoremas de Convergência

Exercício 2.26.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e (fk)k1(f_{k})_{k\geq 1} uma seqüência de funções integráveis (resp., quase integráveis) fk:Xf_{k}:X\to\mathds{R}. Suponha que (fk)k1(f_{k})_{k\geq 1} converge uniformemente para uma função f:Xf:X\to\mathds{R}, i.e., para todo ε>0\varepsilon>0 existe k01k_{0}\geq 1 tal que |fk(x)f(x)|<ε|f_{k}(x)-f(x)|<\varepsilon, para todo xXx\in X e todo kk0k\geq k_{0}. Se μ(X)<+\mu(X)<+\infty, mostre que ff também é integrável (resp., quase integrável) e que:

Xfdμ=limkXfkdμ.\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=\lim_{k\to\infty}\int_{X}f_{k}\,\mathrm{d}\mu.
Exercício 2.27.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e (fk)k1(f_{k})_{k\geq 1} uma seqüência de funções integráveis fk:Xf_{k}:X\to\mathds{R} tal que:

k=1X|fk|dμ<+.\sum_{k=1}^{\infty}\int_{X}|f_{k}|\,\mathrm{d}\mu<+\infty.

Mostre que:

  • a série k=1fk(x)\sum_{k=1}^{\infty}f_{k}(x) é absolutamente convergente para quase todo xXx\in X;

  • se f:Xf:X\to\mathds{R} é uma função mensurável tal que f=k=1fkf=\sum_{k=1}^{\infty}f_{k} q. s. então ff é integrável e:

    Xfdμ=k=1Xfkdμ.\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=\sum_{k=1}^{\infty}\int_{X}f_{k}\,\mathrm{d}\mu\in% \mathds{R}.
Exercício 2.28.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e f:Xf:X\to\mathds{R} uma função integrável. Mostre que para todo ε>0\varepsilon>0 existe uma função simples integrável ϕ:X\phi:X\to\mathds{R} tal que:

X|fϕ|dμ<ε.\int_{X}|f-\phi|\,\mathrm{d}\mu<\varepsilon.
Exercício 2.29.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida, (Ak)k1(A_{k})_{k\geq 1} uma seqüência de subconjuntos mensuráveis de XX e f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}} uma função quase integrável. Assuma que para todo xXx\in X o conjunto:

{k1:xAk}\big{\{}k\geq 1:x\not\in A_{k}\big{\}}

é finito. Mostre que:

Xfdμ=limkAkfdμ.\int_{X}f\,\mathrm{d}\mu=\lim_{k\to\infty}\int_{A_{k}}f\,\mathrm{d}\mu.
Exercício 2.30.

Seja f:f:\mathds{R}\to\mathds{R} uma função integrável. Mostre que as funções:

g1(t)=f(x)cos(tx)d𝔪(x),g2(t)=f(x)sen(tx)d𝔪(x),g_{1}(t)=\int_{\mathds{R}}f(x)\cos(tx)\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(x),\quad g_{2}(% t)=\int_{\mathds{R}}f(x)\mathrm{sen}(tx)\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(x),

são contínuas e que:

limt±g1(t)=0,limt±g2(t)=0.\lim_{t\to\pm\infty}g_{1}(t)=0,\quad\lim_{t\to\pm\infty}g_{2}(t)=0.
Exercício 2.31.

Considere a função ϕ:\phi:\mathds{R}\to\mathds{R} definida por:

ϕ(t)=ex2cos(tx)d𝔪(x),\phi(t)=\int_{\mathds{R}}e^{-x^{2}}\cos(tx)\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(x),

para todo tt\in\mathds{R}.

  • (a)

    Mostre que ϕ\phi é derivável e que:

    ϕ(t)=t2ϕ(t),\phi^{\prime}(t)=-\frac{t}{2}\,\phi(t),

    para todo tt\in\mathds{R}.

  • (b)

    Mostre que ϕ(t)=cet24\phi(t)=ce^{-\frac{t^{\hbox to0.0pt{$\scriptscriptstyle 2$\hskip 0.0pt minus 1% .0fil}}}{4}}, para todo tt\in\mathds{R}, onde:

    c=ex2d𝔪(x).c=\int_{\mathds{R}}e^{-x^{2}}\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(x). (2.8.13)

No Exercício 3.5 pediremos ao leitor para calcular explicitamente a integral em (2.8.13).

Exercício 2.32.

Considere a função ϕ:]0,+[\phi:\left]0,+\infty\right[\to\mathds{R} definida por:

ϕ(t)=0+etxsenxxd𝔪(x),\phi(t)=\int_{0}^{+\infty}e^{-tx}\,\frac{\mathrm{sen}\,x}{x}\,\mathrm{d}% \mathfrak{m}(x),

para todo t>0t>0.

  • (a)

    Mostre que ϕ\phi é derivável e que ϕ(t)=11+t2\phi^{\prime}(t)=-\frac{1}{1+t^{2}}, para todo t>0t>0.

  • (b)

    Mostre que limt+ϕ(t)=0\lim_{t\to+\infty}\phi(t)=0.

  • (c)

    Conclua que ϕ(t)=π2arctant\phi(t)=\frac{\pi}{2}-\arctan t, para todo t>0t>0.

  • (d)

    Usando integração por partes, verifique que:

    ϕ(t)=01etxsenxxd𝔪(x)+etcos11+cosxetx1+txx2d𝔪(x),\phi(t)=\int_{0}^{1}e^{-tx}\,\frac{\mathrm{sen}\,x}{x}\,\mathrm{d}\mathfrak{m}% (x)+e^{-t}\cos 1-\int_{1}^{+\infty}\cos x\;e^{-tx}\,\frac{1+tx}{x^{2}}\,% \mathrm{d}\mathfrak{m}(x),

    para todo t>0t>0.

  • (e)

    Mostre que:

    limt0ϕ(t)=(R)0+f=π2,\lim_{t\to 0}\phi(t)=\raise 2.0pt\hbox{$\scriptstyle(R)$}\!\!\int_{0}^{+\infty% }f=\frac{\pi}{2},

    onde f:[0,+[f:\left[0,+\infty\right[\to\mathds{R} é definida por f(x)=senxxf(x)=\frac{\mathrm{sen}\,x}{x}, para x>0x>0 e f(0)=1f(0)=1.

Mais sobre Convergência de Seqüências de Funções

Exercício 2.33.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida, (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} uma seqüência de funções mensuráveis fn:Xf_{n}:X\to\mathds{R} e f:Xf:X\to\mathds{R} uma função mensurável. Se (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} converge em medida para ff, mostre que toda subseqüência de (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} também converge em medida para ff.

Exercício 2.34.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida e (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} uma seqüência pontualmente de Cauchy quase sempre. Mostre que existe uma função f:Xf:X\to\mathds{R} tal que fnff_{n}\to f pontualmente q. s.; se as funções fnf_{n} são todas mensuráveis, mostre que podemos escolher a função ff também mensurável.

Exercício 2.35.

Mostre que toda seqüência uniformemente de Cauchy quase sempre é quase uniformemente de Cauchy e que toda seqüência quase uniformemente de Cauchy é pontualmente de Cauchy quase sempre.

Exercício 2.36.

Se XX é um conjunto, (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} é uma seqüência uniformemente de Cauchy de funções fn:Xf_{n}:X\to\mathds{R} e f:Xf:X\to\mathds{R} é uma função tal que fnff_{n}\to f pontualmente, mostre que fnuff_{n}\xrightarrow{\;\mathrm{u}\;}f. Se (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) é um espaço de medida, (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} é uniformemente de Cauchy quase sempre (resp., quase uniformemente de Cauchy) e fnff_{n}\to f pontualmente q. s., mostre que fnuff_{n}\xrightarrow{\;\mathrm{u}\;}f q. s. (resp., que fnquff_{n}\xrightarrow{\;\mathrm{qu}\;}f).

Exercício 2.37.

Mostre que:

  • toda seqüência uniformemente convergente (resp., quase sempre) é uniformemente de Cauchy (resp., quase sempre);

  • toda seqüência quase uniformemente convergente é quase uniformemente de Cauchy;

  • toda seqüência de funções mensuráveis que é convergente em medida é de Cauchy em medida.

Exercício 2.38.

Seja (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida com μ(X)<+\mu(X)<+\infty e seja (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} uma seqüência de funções mensuráveis fn:Xf_{n}:X\to\mathds{R}. Mostre que se (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} é pontualmente de Cauchy quase sempre então (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} é quase uniformemente de Cauchy.

Exercício 2.39.

Mostre que se uma seqüência de funções mensuráveis é quase uniformemente de Cauchy então ela é de Cauchy em medida.

Exercício 2.40.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida, (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} uma seqüência de funções mensuráveis fn:Xf_{n}:X\to\mathds{R} que é de Cauchy em medida e (fnk)k1(f_{n_{k}})_{k\geq 1} uma subseqüência de (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} que converge em medida para uma função mensurável f:Xf:X\to\mathds{R}. Mostre que (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} também converge em medida para ff.

Exercício 2.41.

Sejam (X,𝒜,μ)(X,\mathcal{A},\mu) um espaço de medida, (fn)n1(f_{n})_{n\geq 1} uma seqüência de funções mensuráveis fn:Xf_{n}:X\to\mathds{R} e f:Xf:X\to\mathds{R}, g:Xg:X\to\mathds{R} funções mensuráveis. Se fn𝜇ff_{n}\xrightarrow{\;\mathrm{\mu}\;}f e fn𝜇gf_{n}\xrightarrow{\;\mathrm{\mu}\;}g, mostre que f(x)=g(x)f(x)=g(x) para quase todo xXx\in X.

O Teorema de Fubini em n{\mathds{R}^{n}}

Exercício 2.42.

Seja f:Xnf:X\to\mathds{R}^{n} uma função definida num subconjunto XX de m\mathds{R}^{m}. Mostre que se o gráfico de ff (recorde (2.8.10)) é mensurável então 𝔪(gr(f))=0\mathfrak{m}\big{(}\mathrm{gr}(f)\big{)}=0.

Exercício 2.43.

Sejam XmX\subset\mathds{R}^{m}, YnY\subset\mathds{R}^{n} conjuntos mensuráveis e f:X¯f:X\to\overline{\mathds{R}}, g:Y¯g:Y\to\overline{\mathds{R}} funções integráveis. Mostre que a função:

X×Y(x,y)f(x)g(y)¯X\times Y\ni(x,y)\longmapsto f(x)g(y)\in\overline{\mathds{R}}

é integrável e que sua integral é dada por:

X×Yf(x)g(y)d𝔪(x,y)=(Xfd𝔪)(Ygd𝔪).\int_{X\times Y}f(x)g(y)\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(x,y)=\Big{(}\int_{X}f\,% \mathrm{d}\mathfrak{m}\Big{)}\Big{(}\int_{Y}g\,\mathrm{d}\mathfrak{m}\Big{)}.
Exercício 2.44.

Seja Δn\Delta_{n} o simplexo padrão nn-dimensional definido por:

Δn={(x1,,xn)[0,+[n:i=1nxi1}.\Delta_{n}=\Big{\{}(x_{1},\ldots,x_{n})\in\left[0,+\infty\right[^{n}:\sum_{i=1% }^{n}x_{i}\leq 1\Big{\}}.
  • (a)

    Mostre que Δn\Delta_{n} é mensurável para todo n1n\geq 1.

  • (b)

    Se an=𝔪(Δn)a_{n}=\mathfrak{m}(\Delta_{n}), mostre que:

    an=an101(1t)n1d𝔪(t),a_{n}=a_{n-1}\int_{0}^{1}(1-t)^{n-1}\,\mathrm{d}\mathfrak{m}(t),

    para todo n1n\geq 1.

  • (c)

    Determine 𝔪(Δn)\mathfrak{m}(\Delta_{n}).