2.8 Probabilidades condicionais
Uma outra maneira de se construir espaços de probabilidade é através de condicionamento, como mostra a seguinte definição. {definition} Se é espaço de probabilidade e é tal que , então definimos a probabilidade por
chamada probabilidade condicional dado o evento .
Obviamente é uma probabilidade em e podemos entendê-la de duas formas: como uma normalização ou como uma tentativa de sucesso. Explicaremos abaixo cada uma dessas interpretações.
Quando restringimos o espaço amostral ao conjunto (e associamos a o valor ), temos uma sub-probabilidade, isto é, possivelmente . Logo podemos entender o denominador de (2.78) como uma normalização para obtermos novamente uma probabilidade.
Mas a interpretação mais natural de (2.78) é dada pela seguinte proposição. Para enunciá-la, considere um espaço de probabilidade e defina o produto infinito
Na verdade somente definimos esse produto para , mas como mencionamos abaixo do Teorema da Extensão de Kolmogorov, isso pode ser facilmente generalizado e o faremos posteriormente.
Na situação acima, seja com e defina por , onde os são as coordenadas canônicas. Então quase certamente e
A intuição desta proposição é que se repetimos o experimento independentemente até obter uma amostra em , essa terá a distribuição condicional.
Demonstração.
Sejam os eventos , que são claramente independentes segundo . Logo, como , temos pelo Lema de Borel-Cantelli (segunda parte) que , logo quase certamente.
Para ver que é um elemento aletório, basta escrever
e observar que tanto quanto são mensuráveis.
Finalmente podemos usar a decomposição (disjunta) acima para calcular
terminando a prova da proposição. ∎
Sejam e (lembrando a definição da distribuição exponencial: ). Mostre que as variáveis com distribuição exponencial não possuem memória, ou seja:
Ou em outras palavras, sabendo que é maior que , a distribuição condicional de ainda é .
Definimos a distribuição geométrica de parâmetro por
Inspirado no exercício anterior, mostre que a distribuição geométrica também satisfaz (2.83) para todos . Mostre que essas são as únicas distribuições com suporte em satisfazendo tal propriedade
Sejam , para , \iidcom distribuição e defina
Mostre que .
Barry James: Cap. 2-5, Ex: 5, 10, 21, 22 (a) e (b).
[Porta dos desesperados] Nas tardes da década de 80, as crianças tinham poucas opções de entretenimento além de assistir Sérgio Malandro, que todos os dias apresentava o seguinte jogo. O participante era apresentado a três portas () e apenas uma delas (chamada de ) continha um prêmio e o jogo seguia três fases:
-
a)
O participante escolhia uma porta arbitrariamente (digamos ),
-
b)
o Sérgio Malandro abria uma porta que não fosse a escolhida nem a premiada ()
-
c)
ao participante era dada a oportunidade de trocar sua porta pela porta restante em .
Mostre que o participante sempre aumenta suas chances ao trocar sua escolha. Tente interpretar esse aparente paradoxo tomando o número de portas para infinito.
Emílio e Cristina tiveram dois filhos cujos sexos são \iide distribuidos como . Enunciando hipóteses adequadas se for necessario, calcule
-
a)
e
-
b)
.
Interprete esses resultados trocando “segunda-feira” por “primeiro de abril”. 22 2 Gratos ao Ricardo Misturini por sugerir esse problema
Supondo que , mostre que “”. Mais precisamente, podemos condicionar em e depois a probabilidade resultante em ou vice-versa.
Sejam variáveis aleatórias em um espaço , independentes e com distribuição .
-
a)
Calcule .
-
b)
Considere e calcule .
2.8.1 Regra de Bayes
Frequentemente definimos um espaço de probabilidade através de probabilidades condicionais. Consideramos por exemplo um exame médico para detectar uma doença, caso em que temos
com obviamente a -álgebra das partes.
Contudo, ao contrário do que fizemos anteriormente, não daremos probabilidades para cada . Poderíamos por exemplo fornecer
Obviamente podemos obter as probabilidades dos complementos dos eventos acima. As probabilidades acima podem ser facilmente estimadas num laboratório e as duas últimas são chamadas respectivamente de probabilidades de falso positivo e falso negativo. Outra vantagem da representação em (2.87) é que as probabilidades descritas são mais “compartimentadas” no seguinte sentido. Note que somente depende da população em questão, enquanto as outras duas dependem apenas do exame e não da população. Isso não pode ser dito das probabilidades de pontos individuais em .
Agora fica fácil construir nosso espaço de probabilidade escrevendo, para e ,
E as probabilidades do lado direito da equação acima estão todas determinadas em (2.87) (possivelmente tomando complementos).
Contudo, o que estamos interessado muitas vezes é em como interpretar resultados de um exame. Por exemplo, quanto vele ? Isso nos é fornecido em geral pela regra de Bayes enunciada na seguinte proposição.
Se formam uma partição (finita o enumeável) de e tem probabilidade positiva, então
Demonstração.
Basta notar que
∎
Utilize a fórmula acima para calcular com os dados em (2.87). Comente o resultado.
Barry James: Cap. 1, Ex: 18 e 19.
Tópico: Distribuições de Extremosfazer…
AcoplamentosTalvez valha a pena escrever sobre acoplamentos de maneira geral. Talvez pegando algo do Pascal Massart. Vale a pena tentar escrever algo sobre: composiçao de acoplamentos, quando um acoplamento “dá errado”…