11.1 Em intervalos infinitos
Consideremos para começar o problema de integrar uma função num intervalo infinito, . Vemos imediatamente que não tem como definir somas de Riemann num intervalo infinito: qualquer subdivisão de contém um número infinito de retângulos. O que pode ser feito é o seguinte: escolheremos um número grande mas finito, calcularemos a integral de Riemann de em , e em seguida tomaremos o limite :
Definição 11.1.
Seja uma função contínua. Se o limite
existir e for finito, diremos que a integral imprópria converge. Caso contrário, ela diverge. Integrais impróprias para se definem da mesma maneira:
Exemplo 11.1.
Considere em :
que é finito. Logo, converge e vale . Como é uma função positiva no intervalo todo, o valor de pode ser interpretado como o valor da área delimitada pela parte do gráfico de contida no primeiro quadrante, pelo eixo e pelo eixo :
Observe que apesar dessa área não possuir limitação espacial, ela é finita!
Exemplo 11.2.
Considere em :
Neste caso, a interpretação de é que a área delimitada pelo gráfico de é infinita.
Observação 11.1.
As duas funções consideradas acima, e , tendem a zero no infinito. No entanto, a integral imprópria da primeira converge, enquanto a da segunda diverge. Assim, vemos que não basta uma função tender a zero no infinito para a sua integral imprópria convergir! De fato, a convergência de uma integral imprópria depende de quão rápido a função tende a zero. Nos exemplos acima, tende a zero muito mais rápido 11 1 Por exemplo, usando a Regra de B.H., . que . No caso, tende a zero rápido o suficiente para que a área delimitada pelo seu gráfico seja finita, e tende a zero devagar o suficiente para que a área delimitada pelo seu gráfico seja infinita.
Exemplo 11.3.
Considere a integral imprópria
Com temos . Logo,
Tomando o limite ,
que é finito. Logo, a integral imprópria acima converge, e o seu valor é .
A função integrada, numa integral imprópria, não precisa ser positiva:
Exemplo 11.4.
Considere . Usando integração por partes (veja o Exercício 9.19),
Logo, a integral converge. Apesar do valor ser , a sua interpretação em termos de área não é possível neste caso, já que é negativa em infinitos intervalos:
Exercício 11.1.
Estude a convergência das seguintes integrais impróprias.
-
1.
-
2.
-
3.
-
4.
-
5.
-
6.
-
7.
-
8.
-
9.
Exercício 11.2.
Se , a transformada de Laplace de é a função definida pela integral imprópria
Calcule as transformadas de Laplace das seguintes funções :
-
1.
(constante)
-
2.
-
3.
-
4.
Exercício 11.3.
Estude . Em seguida, calcule a área da região contida no semi-espaço , delimitada pelo gráfico de e pela sua assíntota horizontal.
Exercício 11.4.
Estude a função . Em seguida, calcule a área da região contida no semi-plano delimitada pelo gráfico de e pela sua assíntota.
Intuitivamente, para uma função contínua possuir uma integral imprópria convergente no infinito, ela precisa tender a zero. Vejamos que precisa de mais do que isso, no seguinte exercício:
Exercício 11.5.
Dê um exemplo de uma função contínua positiva que não tende a zero no infinito, e cuja integral imprópria converge.
Exercício 11.6.
Considere a função Gamma, definida da seguinte maneira:
Verifique que , , , . Mostre que para todo inteiro ,
Conclua que nos inteiros, .