7.3 A procura de extremos em intervalos fechados

Daremos agora o método geral para determinar os extremos globais de uma função f:[a,b]f:[a,b]\to\mathbb{R}. Suporemos que ff é contínua; assim o Teorema 7.1 garante que os extremos existem.

Vimos que extremos locais são ligados, quando ff é derivável, aos pontos onde a derivada de ff é nula. Chamaremos tais pontos de pontos críticos.

Definição 7.3.

Seja f:Df:D\to\mathbb{R}. Um ponto aDa\in D é chamado de ponto crítico de ff se a derivada de ff não existe em aa, ou se ela existe e é nula: f(a)=0f^{\prime}(a)=0.

Por exemplo, a=0a=0 é ponto crítico de f(x)=x2f(x)=x^{2}, porqué f(0)=0f^{\prime}(0)=0. Por outro lado, a=0a=0 é ponto crítico da função f(x)=|x|f(x)=|x|, porqué ff não é derivável em zero.

Às vezes, os extremos são ligados a pontos críticos mas vimos que eles podem também se encontrar na fronteira do intervalo considerado (como nos Exemplos 7.3 e 7.1). Logo, o procedimento para achar os valores extremos de ff é o seguinte:

Seja ff uma função contínua no intervalo fechado e limitado [a,b][a,b]. Os extremos globais de ff são determinados da seguintes maneira:

  • Procure os pontos críticos x1,x2,,xnx_{1},x_{2},\dots,x_{n} de ff contidos em (a,b)(a,b) (isto é, em [a,b][a,b] mas diferentes de aa e de bb).

  • Olhe ff na fronteira do intervalo, calcule f(a)f(a), f(b)f(b).

  • Considere a lista {f(a),f(b),f(x1),,f(xn)}\{f(a),f(b),f(x_{1}),\dots,f(x_{n})\}. O maior valor dessa lista dá o máximo global; o menor dá o mínimo global.

Exemplo 7.10.

Procuremos os extremos globais da função f(x)=2x33x212xf(x)=2x^{3}-3x^{2}-12x no intervalo [3,3][-3,3]. Como esse intervalo é fechado e que ff é contínua, podemos aplicar o método descrito acima. Os pontos críticos são solução de f(x)=0f^{\prime}(x)=0, isto é, solução de 6(x2+x2)=06(x^{2}+x-2)=0. Assim, ff possui dois pontos críticos, x1=1x_{1}=-1 e x2=+2x_{2}=+2, e ambos pertencem a (3,3)(-3,3). Observe também que f(x1)=f(1)=+7f(x_{1})=f(-1)=+7, e f(x2)=f(2)=20f(x_{2})=f(2)=-20. Agora, na fronteira do intervalo temos f(3)=45f(-3)=-45, f(+3)=9f(+3)=-9. Assim, olhando para os valores {f(3),f(+3),f(1),f(+2)}\{f(-3),f(+3),f(-1),f(+2)\}, vemos que o maior é f(1)=+7f(-1)=+7 (máximo global), e o menor é f(3)=45f(-3)=-45 (mínimo global). (Essa função já foi considerada no Exercício 6.32.)

Exemplo 7.11.

Procuremos os extremos globais da função f(x)=x2/3f(x)=x^{2/3} no intervalo [1,2][-1,2]. Se x0x\neq 0, então f(x)f^{\prime}(x) existe e é dada por f(x)=23x1/3f^{\prime}(x)=\tfrac{2}{3}x^{-1/3}. Em x=0x=0, ff não é derivável (lembre do Exemplo 6.4). Logo, o único ponto crítico de ff em (1,2)(-1,2) é x=0x=0. Na fronteira, f(1)=1f(-1)=1, f(2)=43f(2)=\sqrt[3]{4}. Comparando os valores {f(1),f(2),f(0)}\{f(-1),f(2),f(0)\}, vemos que o máximo global é atingido em x=2x=2 e o mínimo local em x=0x=0:

Os exercícios relativos a essa seção serão incluidos na resolução dos problemas de otimização.