6.6 Derivada e Variação
Voltemos agora ao significado geométrico da derivada, e do seu uso no estudo de
funções.
Sabemos que para um ponto do domínio de uma função ,
a derivada (se existir) dá o valor da inclinação da reta tangente
ao gráfico de no ponto .
A observação importante para ser feita aqui é que os valores de fornecem uma informação importante sobre a variação de , isto é, sobre os intervalos em que ela cresce ou decresce (veja Seção 2.2.3).
Exemplo 6.16.
Considere .
Vemos que decresce no intervalo , e cresce no intervalo . Esses fatos se refletem nos valores da inclinação da reta tangente: de fato, quando a função decresce, a inclinação da sua reta tangente é negativa, , e quando a função cresce, a inclinação da sua reta tangente é positiva, :
Como , montemos uma tabela de variação, relacionando o sinal de com a variação de :
em que “” significa que decresce e “” que ela cresce no intervalo. Vemos também que em , como a derivada muda de negativa para positiva, a função atinge o seu valor mínimo, e nesse ponto .
No exemplo anterior, começamos com uma função conhecida (), e observamos que a sua variação é diretamente ligada ao sinal da sua derivada. Nesse capítulo faremos o contrário: a partir de uma função dada , estudaremos o sinal da sua derivada, deduzindo a variação de de maneira analítica. Junto com outras propriedades básicas de , como o seu sinal e as suas assíntotas, isto permitirá esboçar o gráfico de com bastante precisão.
Vejamos agora, de maneira precisa, como a variação de uma função diferenciável pode ser obtida estudando o sinal da sua derivada:
Proposição 6.1.
Seja uma função derivável em .
-
•
Se para todo , então é crescente em .
-
•
Se para todo , então é estritamente crescente em .
-
•
Se para todo , então é decrescente em .
-
•
Se para todo , então é estritamente decrescente em .
Demonstração.
Provaremos somente a primeira afirmação (as outras se provam da mesma maneira). Suponha que para todo . Sejam dois pontos quaisquer em , tais que . Pelo Corolário 6.1, existe tal que
Como por hipótese, temos , isto é, . Isso implica que é crescente em . ∎
Exemplo 6.17.
Estudemos a variação de , usando a proposição acima. A derivada de é dada por , seu sinal é fácil de se estudar, e permite determinar a variação de :
Isto é: cresce em até o ponto de coordenadas , depois decresce em até o ponto de coordenadas , e depois cresce de novo em :
Observe que em geral, o estudo da derivada não dá informações sobre os zeros da função. No entanto, neste caso, os zeros de podem ser calculados: . Isto é: . Logo, o sinal de (que não tem nada a ver com o sinal de ) obtém-se facilmente:
Exemplo 6.18.
Considere as potências , com (lembre os esboços da Seção 2.2.1). Temos que se , se .
-
•
Se é par, então é ímpar, e se , se . Logo, é decrescente em , crescente em . (Por exemplo: .)
-
•
Se é ímpar, então é par, e para todo . Logo, é crescente em todo . (Por exemplo: .)
-
•
Se é par, então é ímpar, e se , se . Logo, é crescente em , e decrescente em . (Por exemplo: .)
-
•
Se é ímpar, então é par, e para todo . Logo, é decrescente em , e decrescente também em . (Por exemplo: ou .)
Exemplo 6.19.
Considere a função exponencial na base , (lembre os esboços da Seção 3.1). Como , temos que
-
•
se , então , e para todo . Logo, é sempre crescente.
-
•
se , então , e para todo . Logo, é sempre decrescente.
Por outro lado, a função logaritmo na base , , é tal que .
-
•
Se , então é crescente em , e
-
•
se , então é decrescente em .
Exercício 6.32.
Estude a variação de , usando a sua derivada, quando for possível. Em seguida, junto com outras informações (p.ex. zeros, sinal de ), monte o gráfico de .
-
1.
-
2.
-
3.
-
4.
-
5.
-
6.
-
7.
-
8.
-
9.
-
10.
-
11.